Andy Freeberg: o tédio nas feiras de arte

Depois do grande sucesso da exposição "Guardians", o fotógrafo norte-americano Andy Freeberg chama a atenção por outra mostra - "Art Fare", montada com fotos que registram a apatia que acomete os vendedores de obras de arte nas galerias, nos estandes de feiras e salões de arte. Se em "Guardians" Freeberg focou sua lente nas mulheres "guardiãs" das principais obras de arte dos museus de Moscou (Russia), nesta última ele fotografou homens e mulheres em momentos de tédio nos estandes vazios.
"Guardians" passou por importantes cidades do mundo, entre elas Moscou, Nova York, Londres, Miami, Los Angeles e Houston. Nessa mostra Andy Freeberg nos dá uma pausa para contemplar a vida dessas mulheres e como elas se relacionam com a obra de arte em exposição. Na verdade, a obra de arte torna-se periférica, com o foco direcionado para a meditação desses personagens confortavelmente sentados. Uma guardiã pode ter uma estranha semelhança com um quadro de Vermeer, outra tem cabelo rosa que quase coincide com o seu vestido. Em seu site, Freeberg oferece histórias sobre essas guardiãs da arte: "Uma mulher na Galeria Estatal Tretyakov do Museu de Moscou disse que muitas vezes retorna lá no seu dia de folga para se sentar em frente a uma pintura que a lembra de sua casa de infância", escreve ele. "Outra guarda viaja três horas em cada sentido para o trabalho, uma vez que em casa ela iria apenas sentar em sua varanda e se queixar de suas doenças, como as mulheres velhas fazem. Ela prefere estar no museu apreciando as pessoas admirando as obras, num local rodeado pela história de seu país." 
Para a atual exposição (Art Fare), foi nas feiras de arte que Freeberg descobriu o ambiente ideal para praticar este voyeurismo artístico. Em meio a obras de arte nos estandes vazios, ele registra a apatia que acomete as pessoas, marchands e afins, colecionadores e artistas concentrados em seus aparelhos eletrônicos, ignorando as peças expostas, insensíveis às obras contemporâneas e indiferentes ao talento dos artistas. É quase uma crítica velada ao mercado de arte. Nas Galerias, os proprietários e seus funcionários ficam geralmente escondidos atrás de mesas e grandes escritórios fechados. "Mas - diz Freeberg -  nas principais feiras de arte que visitei, como Armory Show, em Nova York, e Art Basel, em Miami e na Suíça, eles estão plenamente visíveis em seus estandes. Como num palco, você pode ver os negociantes de arte encontrar com colecionadores, vendendo e negociando, falando em telefones celulares, trabalhando em laptops". Ele explica: "Fui atraído não só pelas pessoas, mas também pelas combinações de arte, roupas, equipamentos e posturas. Encontrei iluminação, figurino, cenografia para fotografar estes dioramas vivos, em que o próprio mundo da arte atua."

Nascido em Nova York, inicialmente Andy Freeberg era um observador de uma sofisticada cultura da cidade, e depois com a faculdade em Michigan, onde estudou. Começou a carreira de fotógrafo profissional em Nova York tirando retratos para publicações como The Village Voice, Rolling Stone, Time e Fortune, fotografando os gostos de Michael Jackson, Bill Gates, e Neil Young.

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