Abadia de Westminster

Vista da fachada ocidental da Abadia de Westminster

A Igreja do Colegiado de São Pedro em Westmisnter, mais conhecida como Abadia de Westminster (Westminster Abbey), é uma grande igreja em estilo gótico, sendo considerada a igreja mais importante de Londres, e, talvez, de toda a Inglaterra. Ao longo dos séculos a Abadia de Westminster vem sendo utilizada para as coroações dos monarcas britânicos e outras cerimônias religiosas da família real. A Abadia é considerada o coração da nação, estando localizada ao lado do Parlamento e das dependências do governo. É o símbolo da aliança entre a Igreja e o Estado. Serve à nação recebendo chefes de estado e outros dignitários em visita oficial, além de celebrar ofícios especiais para comemorar acontecimentos de júbilo e datas nacionais. Entre 1546 e 1556 obteve status de Catedral e atualmente é uma Royal Peculiar.
Fundada como um grande monastério beneditino, a abadia do west minster (igreja do oeste) ainda conserva muito daquela tradição de vida disciplinada de oração, trabalho e estudo. Foi católica de 1050 a 1534, é Anglicana de 1534 aos dias atuais. Na Abadia se encontram enterrados ou festejados reis, nobres e muitos dos personagens históricos e intelectuais importantes da Grã Bretanha. Lá estão sepultados os corpos do famoso físico inglês Sir Isaac Newton, Charles Darwin, Charles Dickens e do ator Laurence Olivier, entre outros.

Vista da nave da igreja

Não se sabe exatamente quando se construiu a primeira igreja no local onde hoje se ergue a Abadia de Westminster, mas sabe-se que foi há mais de mil anos (atrás). Na época, aquela área era um pântano inóspito. A igreja ficava numa ilha chamada Thorney Island (Ilha de Espinhos), rodeada por afluentes do rio Tamisa. Existem vários mitos e lendas acerca da origem da Abadia. Uma delas diz que o rei Seberto, falecido em 616 d.C., rei dos saxões do leste, fundou esta igreja em 604. No século XIV os monges, convencidos desse fato, desenterraram no claustro o que acreditavam serem os ossos do rei Seberto e os enterraram de novo ao lado do altar mor.

Deixando as lendas de lado, a história conta que em 960 Dunstan, o bispo de Londres, trouxe 12 monges beneditinos de Glastonbury, para fundar um monastério em Westminster. Um século mais tarde o rei Eduardo, o Confessor, assim chamado por ser considerado um homem santo, fundou sua igreja neste lugar. Foi a primeira igreja construída na Inglaterra em formato de cruz.  Eduardo nasceu na Inglaterra em 1005, mas foi expulso pelos dinamarqueses. Dizem que durante o seu exílio na Normandia, Eduardo fez uma promessa de que, se fosse  reintegrado ao seu reino, iria em peregrinação a Roma.
 

O altar mor, tendo à frente o mosaico que foi colocado no século XIIII
Quando finalmente recuperou seu trono em 1042, havia tantos distúrbios no reino, que foi aconselhado a não realizar tão perigosa viagem. O Papa lhe absolveu da promessa com a condição de que construísse ou restaurasse uma igreja em homenagem a São Pedro. A Abadia de Eduardo foi consagrada em 28 de dezembro de 1065, mas o rei não pode assistir porque se encontrava muito doente. Morreu poucos dias depois e foi sepultado diante do altar mor. As tapeçarias de Bayeux representam o cadáver de Eduardo sendo levado à sua igreja para ser enterrado. Também mostram como era a Abadia: tinha uma torre central, cruzeiros, pilares grandes e arcos semicirculares. No telhado se vê um homem colocando um cata-vento, significando que haviam terminado a obra. Os arqueólogos encontraram restos da igreja de Eduardo debaixo da Abadia e concluíram que esta era quase tão grande quanto a atual.
Depois da morte de Eduardo sua reputação de santo se acentuou. Disseram que ocorreram milagres em sua tumba e em 1161 foi canonizado. O rei Henrique III (1207-72) venerava de tal modo O Confessor que decidiu construir um novo sepulcro em uma igreja maior de estilo gótico anglo-francês, com arcos estilizados e janelas maiores. As obras começaram em 1245. No extremo leste a nova Lady Chapel, que havia sido construída apenas 20 anos antes, permaneceu sem alteração, enquanto a nova Abadia continuava a crescer, avançando em direção oeste. O arquiteto de Henrique III foi Henry de Reyns, que pode ter sido francês ou inglês, mas que estudou na França, já que sua obra mostra muitas características francesas. Em 1272 terminaram o presbitério, o coro e a primeira cúpula da nave, mas neste ano morreu Henrique III e as obras praticamente foram paralisadas.

O imenso coro da igreja, onde antes oravam os monges

Durante a maior parte do século XIV a Abadia devia apresentar um aspecto estranho, com uma edificação gótica unida aos restos românicos anglo-normandos da igreja de Eduardo. Em 1376 se colocou a primeira pedra da nova nave, e durante os 140 anos seguintes, com doações de benfeitores ricos – entre eles o Cardeal Simon Langham, um antigo abade – e com a ajuda de Ricardo II e Henrique V, concluíram a nave. Em 1503, no extremo leste, demoliram a Lady Chapel de Henrique III, e começaram a levantar a Lady Chapel de Henrique VII que foi consagrada em 1516. No entanto, apenas 20 anos depois, os monastérios da Inglaterra sofreram uma grave crise. Henrique VIII, conhecido como Tudor Adultério, entrou em confronto com o Papa porque este se negou a anular seu casamento com Catalina de Aragon. O rei então se auto proclamou chefe da Igreja Anglicana, e em 1540 dissolveu os monastérios e confiscou seus bens. A Abadia se saiu melhor que a maioria dos monastérios, talvez devido a seus contatos reais, e em lugar de ser saqueada, foi elevada a catedral.

A nova constituição da Abadia, estabelecida por Henrique VIII, não durou muito tempo, pois em 1553 a rainha Maria Tudor sucedeu ao filho de Henrique VIII, Eduardo VI, e o catolicismo se tornou novamente a religião oficial. Converteu novamente a Abadia em monastério, e os monges regressaram. A agitação social e política continuava, já que sua sucessora, Isabel I, que subiu ao trono apenas cinco anos depois, em 1558, revogou as mudanças de Maria e renomeou a Abadia como Igreja Colegiada de São Pedro em Westminster, agora com um Deão que foi instruído a só prestar contas a ela como soberana. Assim sobrevive a Abadia, sem estar submetida à jurisdição de um bispo, como a maioria das igrejas, mas sob a jurisdição de uma rainha – uma instituição conhecida com o nome de Royal Peculiar.

Durante a guerra civil de 1642-49, que culminou com a execução de Carlos I e o estabelecimento, em 1649, da República de Cromwell, a Abadia sofreu danos quando os puritanos saquearam altares, destroçaram imagens e órgãos e confiscaram as joias da coroa. Queriam desaparecer com todos os símbolos de superstição religiosa, e ainda hoje se pode ver sinais da pilhagem. Durante esta época a Assembléia de Westminster – uma reunião de eclesiásticos e outras pessoas que professavam a Fé Presbiteriana – se reuniam na Abadia.

 

Túmulo do “Soldado Desconhecido”, enterrado ali em 1920
Arquitetonicamente, outro marco importante ocorreu em 1745, quando se levantaram as duas torres ocidentais desenhadas por Nicholas Hawksmoor, aluno de Sir Christopher Wren. A Abadia tinha quase o mesmo aspecto que apresenta hoje, com exceção da fachada norte, que foi reformada no princípio do século XVIII, quando foi destruído o antigo pórtico, e novamente na época vitoriana, quando se construiu o pórtico triplo arqueado, e se redesenhou a roseta.
A Abadia enfrentou um novo perigo durante a Segunda Guerra Mundial, mas milagrosamente sobreviveu aos bombardeios, embora as bombas tenham destruído o telhado do cruzeiro, a maior parte da reitoria, vários salas do Claustro Pequeno e o salão da Escola de Westminster (parte do antigo dormitório dos monges). Depois da guerra, o interior da Abadia estava escuro e sujo, e somente foi limpa na década de 1960, quando se revelou a verdadeira cor de avelã da alvenaria. Em 1995 foi concluída a penosa restauração da fachada e três anos mais tarde colocaram novas estátuas na fachada ocidental, incluindo-se as estátuas dos dez mártires do século XX.


O magnífico teto da Lady Chapel

Os monarcas do Reino Unido têm sido consagrados na Abadia de Westiminster desde a coroação de Haroldo II, (exceto Eduardo V e Eduardo VIII que não tiveram cerimônia de coroação). Poucas vezes um monarca foi coroado fora desta abadia, sendo que Henrique III não pode ser consagrado aqui devido a tomada da cidade de Londres pelo rei Luís VIII de França  e teve de ser coroado na Catedral de Gloucester. Tradicionalmente o monarca a ser coroado toma assento no Trono de Eduardo, o Confessor e quem preside a cerimônia é o Arcebispo de Cantuária.  O Trono de Eduardo está no interior da abadia desde 1308, porém os reis da Escócia são coroados na Pedra de Scone.
O rei Henrique III reconstruiu a abadia em honra de Eduardo, o Confessor, cujas relíquias foram guardadas em seu túmulo no interior da abadia. Henrique III também foi sepultado na abadia onde, posteriormente, os monarcas da Inglaterra foram sepultados, entretanto, alguns foram sepultados na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor. O rei Jorge II da Grã-Bretanha foi o último monarca a ser enterrado na abadia em 1760; desde então os monarcas têm sido enterrados na Capela de São Jorge. No total, 17 monarcas estão sepultados nesta necrópole real convertida em mausoléu nacional com mais de 3.000 túmulos de algumas das figuras britânicas mais famosas em todos os âmbitos. Além da realeza, algumas personalidades destacadas no meio científico e cultural obtiveram a honra de serem enterradas na abadia.

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